quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Mahaprabhu e Prabhupada nos Kumbha Melas

Mahāprabhu e Prabhupāda nos Kumbha Melās

  • Mahāprabhu no melā: por volta de 1502 D.C. (1424 Śakābda cf. CC 2.19.18 Sig.)
  • Prabhupāda nos melās: 1925, 1928, 1971 e 1977



  • A cada ano = melā (festival)
  • A cada 6 anos = Ardha (metade) Kumbha-melā (kumbha: jarra)
  • A cada 12 anos = Kumbha-melā ou Mahā Kumbha-melā (próximo 2013)
  • A cada 144 anos = Kumbha-melā mais auspicioso (último: 1977, próximo: 2121)

Kumbha-melā é a maior congregação de seres humanos na Terra. Em Allahabad a cada doze anos, sādhus e peregrinos de toda a Índia reúnem-se no Triveṇī. [...] Uma versão menor, o Māgha-melā, acontece anualmente no mês de māgha (dezembro a janeiro). Entretanto, janeiro de 1971, aconteceu de cair na metade do ciclo de doze anos que separam dois Kumbha-melās, e o Melā era conhecido como Ardha-kumbha-melā. Milhões de pessoas participaram, e Śrīla Prabhupāda decidiu aproveitar a oportunidade e comparecer ao Melā com seus discípulos para pregar. (SPL BBT Brasil 1987 cap. 5, pg. 176, Vedabase 2012.1 vol. 4, chap. 33)

 Imagem: Prabhupāda no Ardha Kumbha Melā de 1971



Sentado em sua tenda com seus discípulos, Prabhupāda explicou a importância do Ardha-kumbha-melā. Ele explicou que por milhões de anos este tem sido um dos maiores locais sagradas da Índia. Durante o aparecimento do avatāra de tartaruga, quando os demônios e os semideuses batiam o néctar da imortalidade, uma gota desse néctar caíra ali. Desde então, a cada seis e doze anos certos planetas auspiciosos formam uma jarra [kumbha], e diz-se que esta jarra, cheia de néctar da imortalidade, despeja este néctar sobre o Triveṇī. O Senhor Rāmacandra e Hanumān apareceram ali em Allahabad, e ali o Senhor Caitanya ensinou a Rūpa Gosvāmī a ciência do serviço devocional. Prabhupāda disse também que vivera em Allahabad com sua esposa e família, e que em 1932 em Allahabad Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī o iniciara na Rūpa Gosvāmī Gaudiya Math. Quanto aos Melās [festivais], qualquer pessoa que viesse e se banhasse nos momentos auspiciosos em que o prāṇa jorrava dos céus tinha garantida, quer a promoção aos planetas celestiais, quer a liberação.
[...]
Prabhupāda disse que, embora a maioria dos santos e sādhus ali presentes não fossem autênticos, muitos eram yogīs perfeitos, alguns deles com trezentos a quatrocentos anos de idade. Estes yogīs, de partes remotas da Índia, vinham para o Melā e, então, voltava à reclusão. “Tenho pessoalmente visto”, disse ele “que eles tomam banho no Ganges e surgem nos sete rios sagrados. Eles mergulham no Ganges e surgem no rio Godāvarī. Então, mergulham e surgem no rio Kṛṣṇā, e mergulham desta maneira.” Portanto, os devotos deveriam respeitar todos os que compareciam ao Melā. (SPL BBT Brasil 1987 vol. 4, cap. 5, pg. 178-9. Vedabase 2012.1 vol. 4, chap. 33)

Prabhupāda começou a falar sobre a importância de sat-saṅga, associação com os devotos, e o Dr. Patel gracejou: “Ao invés de fazerem sat-saṅga, as pessoas vão ao Kumbha-melā!" Ele riu, como se aquela fosse uma boa piada.
Mas Prabhupāda o corrigiu: “Não”, disse ele, “o Kumbha-melā é sat-saṅga. Se você vai à Kumbha-melā para encontrar um homem de conhecimento, então a sua Kumbha-melā é correta. Caso contrário, yat-tīrtha-buddhiḥ salile na karhicit, sa eva go-khara. Se alguém pensa que esta salila, ou água, é Kumbha-melā, então ele é um go-khara, uma vaca ou um asno. Já a pessoa inteligente pensa, “Está por acontecer uma reunião de muitas pessoas santas: por isso, vou tirar proveito do conhecimento deles.” [então ela é inteligente.]
Desde quando chegaram a Bombaim, Śrīla Prabhupāda vinha sendo indagado a respeito da próxima Kumbha-melā em Allahabad. A Māgh-melā ocorria todo ano, porém, segundo cálculos astrológicos, a cada doze anos advinha uma ocasião mais auspiciosa: a Kumbha-melā. E toda décima segunda Kumbha-melā (um evento que só ocorria uma vez em 144 anos) era especialmente auspiciosa. Naquele ano de 1977 seria observada uma dessas Melās especiais, e o governo previa o comparecimento de doze milhões de pessoas na confluência dos rios sagrados perto de Allahabad. Śrīla Prabhupāda havia dito que iria.
[...]
           
Tendas Kumbha Melā de 1977 (ciclo de 144 anos)



Imagem: Prabhupāda no Kumbha Melā de 1977 (ciclo de 144 anos)


Os amigos do Dr. Patel também mencionaram as dificuldades de se ir a Allahabad durante a Melā: muito frio e muita gente. Contudo, Śrīla Prabhupāda, não mudou de idéia. Ele conhecia bem Allahabad, tendo morado lá com sua família de 1923 a 1936.
“Em 1925 fui à Melā”, disse Prabhupāda.
[...]
Prabhupāda mencionou a Melā de 1928, à qual ele levara seu filhinho.
[...]
“Na verdade, é uma conferência religiosa”, explicou Prabhupāda. "Todos os diferentes grupos reúnem-se naquele lugar sagrado, onde propagam sua filosofia. A Índia é o país da religião. Eles sabem que a vida espiritual é mais importante que a vida material – assim é a Índia. [...] (SPL BBT Brasil 1989 cap. 7, pg. 231-2. Vedabase 2012.1 vol.6, chap. 51)


Mahāprabhu no Melā em Prayāga e Instrução a Rūpa Gosvāmī


Imagem: Caitanya Mahāprabhu instrui Rūpa Gosvāmī em Prayāga

Śrī Caitanya Mahāprabhu foi, então para Prayāga, onde Se banhou na confluência do Ganges com o Yamunā. Em seguida, visitou o templo de Veṇī Mādhava, onde cantou e dançou com amor extático.
Significado – A cidade de Prayāga fica a alguns quilômetros da cidade de Allahabad. Este nome Prayāga deve-se aos bem sucedidos sacrifícios ali realizados. Diz-se que prakṛṣṭo yāgo yāga-phalaṁ yasmāt. Quem realizar sacrifícios em Prayāga com certeza não deparará com dificuldades para lograr os resultados imediatos. Prayāga também é chamada de Tīrtharāja, o rei de todos os lugares sagrados. [...] durante o Kumbha-melā, vêm pessoas de toda a Índia para ficar por lá e banhar-se no Ganges e no Yamunā. Todos os visitantes de imediato sentem a influência espiritual desse lugar. [...] Muitas pessoas santas vivem lá, e, por isso, do ponto de vista espiritual ele é muito atraente. (CC 2.17.149 e Significado, BBT Brasil 1986)
[...] em Prayāga Ele revelou a Rūpa Gosvāmī o  transcendental amor extático por Kṛṣṇa. Depois disso, o Senhor abraçou-o com muito ternura e concedeu-lhe toda a Sua misericórdia. (CC 2.19.120 BBT Brasil 1986)
Śrī Caitanya Mahāprabhu permaneceu dez dias em Prayāga e instruiu Rūpa Gosvāmī, outorgando-lhe a necessária potência. (CC 2.19.135 BBT Brasil 1986)
Anteriormente, no Daśāśvamedha-ghāṭa de Prayāga, enquanto instruía teu irmão Rūpa Gosvāmī, doteio-o com a capacidade de compreender estas doçuras. (CC 2.23.102 BBT Brasil 1986)
[...] Embora esses rios não conseguissem alagar Prayāga com água, Śrī Caitanya Mahāprahbu inundou toda a área com as ondas do amor extático por Kṛṣṇa. [...] Caitanya Mahāprahbu ficou em êxtase ao ver o Senhor Bindu Mādhava. O Senhor cantava bem alto o santo nome de Hari. Dançando em amor extático e erguendo os braços, Ele pedia a todos que cantassem “Hari! Hari!” Todos ficaram pasmos ao ver a grandeza de Śrī Caitanya Mahāprahbu. Na verdade, não posso descrever adequadamente os passatempos do Senhor em Prayāga. (CC 2.19.40-3 BBT Brasil 1986)


Compilação e resumo [...] por David Britto, 26 set 2012
Disponível no blog Estudos Vaiṣṇavas

Compilation in English here

Post relacionado: Mahā Kumbha Melā 2013

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Differences and Types of Kirtana and Japa by Nitai Das (Neal Delmonico Phd)



Differences and Types of Kīrtana and Japa 

by Nitāi Dās (Neal Delmonico Phd)
 
Japa: Muttering, whispering, repeating. Japa is from the root √jap which means “to utter in a low voice.” It is one of the ways in which the holy name and the usual way in which other mantras are recited. It is said to be of three types: silent or mental (mānasika), whispered (upāṃśu), and vocal (vācika). In actuality, however, only the second one is really japa. The first falls under the scope of “remembering” (smaraṇa) and the third is a part of kīrtana. See Sanātana Gosvāmin’s commentary on the Hari-bhakti-vilāsa (Play of Devotion to Hari) 11.472.  




Kīrtana: “Mentioning, repeating, saying, telling, praising.” It comes from the root √kīrt, “to mention, make mention of, tell, name, call, recite, repeat, relate, declare, communicate, commemorate, celebrate, praise, glorify,” and is related to the word kīrti, which means “fame”. Thus, it means to make famous or spread the fame of someone. Mentioning, repeating, saying, telling, etc. are all ways of doing this. In the context of Vaiṣṇava practice it means to mention, repeat, say, tell of, or praise Kṛṣṇa’s names, qualities, forms, and activities. As saṅkīrtana, or “complete telling,” it means to sing of those things to musical accompaniment and according to the Gosvāmins, in groups. Śrī Jīva says that among all the forms of kīrtana, loud kīrtana of Kṛṣṇa’s names is the best. (Śrī Jīva Gosvāmin, Bhakti-sandarbha, paragraph 265) About saṅkīrtana he says: “kīrtana performed by many people gathered together is called saṅkīrtana. And because it leads to a special, astonishing delight it is better than the former (ie. kīrtana).” (ibid., paragraph 269) The musical connection is made by Sanātana Gosvāmin when he says that saṅkīrtana means the complete or sweet-sounding, loud singing of the names of the enjoyer of the Rāsa dance (Kṛṣṇa) with melody, rhythm, and so forth. (Śrī Sanātana Gosvāmin, commentary on Bb, 2.1.21) Thus, for the purposes of this text kīrtana is the loud repeating or telling of Kṛṣṇa’s names, qualities or telling of Kṛṣṇa’s names, qualities, forms, and activities as part of a group.

Source: Nitāi Dās (Neal Delmonico, Phd)’s Glossary, pages 178-180, in Sādhu Sādhu: a life of Tinkaḍi Bābā, by Binode Bihari Dās Bābājī, Blazing Sapphire Press 2008, Kirksville, MO.

Transcription by David Britto, 14 set 2012
See translation to portuguese here

Diferenças e Tipos de Kirtana e Japa por Nitai Das (Neal Delmonico Phd)


 Diferenças e Tipos de Kīrtana e Japa


por Nitāi Dās (Neal Delmonico Phd)

Japa: Murmurar, sussurrar, repetir. Japa vem da raiz √jap que significa “proferir em voz baixa”. Este é um dos modos pelo qual o santo nome e o modo comum pelo qual outros mantras são recitados. É dito que é de três tipos: silencioso ou mental (mānasika), sussurrado (upāṃśu) e vocal (vācika). Na verdade, entretanto, apenas o segundo tipo é realmente japa. O primeiro cai no escopo de “lembrar” (smaraṇa) e o terceiro é uma parte de kīrtana. Veja o comentário de Sanātana Gosvāmin no Hari-bhakti-vilāsa (Passatempo de Devoção à Hari) 11.472.



Kīrtana: “Mencionar, repetir, dizer, falar, louvar”. Ela vem da raiz √kīrt, “mencionar, fazer menção de, falar, nomear, chamar, recitar, repetir, relatar, declarar, comunicar, comemorar, celebrar, louvar, glorificar”, e está relacionada à palavra kīrti, que significa “fama”. Assim, significa tornar famoso ou difundir a fama de alguém. Mencionar, repetir, dizer, falar, etc. são todos modos de fazer isto. No contexto da prática vaiṣṇava significa mencionar, repetir, dizer, falar de ou louvar os nomes, qualidades, formas e atividades de Kṛṣṇa. Como saṅkīrtana, ou “falar completamente”, significa o cantar destas coisas com o acompanhamento musical e, de acordo com os Gosvāmins, em grupos. Śrī Jīva diz que entre todas as formas de kīrtana, o kīrtana alto dos nomes de Kṛṣṇa é o melhor. (Śrī Jīva Gosvāmin, Bhakti-sandarbha, parágrafo 265) Sobre saṅkīrtana ele diz: “o kīrtana executado por muitas pessoas juntas é chamado de saṅkīrtana. E porque ele leva a deleite especial e extraordinário ele é melhor do que o anterior (i.e. kīrtana).” (ibid., parágrafo 269) A conexão musical é feita por Sanātana Gosvāmin quando ele diz que saṅkīrtana significa o completo ou doce soar, cantar alto dos nomes do desfrutador da dança da Rāsa (Kṛṣṇa) com melodia, ritmo e assim por diante. (Śrī Sanātana Gosvāmin, comentário ao Bb, 2.1.21) Assim, para os propósitos deste texto kīrtana é a repetição ou falar alto dos nomes, qualidades de Kṛṣṇa, ou o falar dos nomes, qualidades, formas e atividades de Kṛṣṇa como parte de um grupo.

Fonte: Nitāi Dās (Neal Delmonico, Phd), Glossário, páginas 178-180, em Sādhu Sādhu: a life of Tinkaḍi Bābā, por Binode Bihari Dās Bābājī, Blazing Sapphire Press 2008, Kirksville, MO.

Veja original em inglês transcrito aqui
Tradução por David Britto, 14 set 2012